Na Europa, o rei Carlos V tomou um pouco da bebida sagrada azteca e ficou meio extasiado
Luís Alberto Alves
Por causa da grande influência das
multinacionais de alimentos, muitos imaginam que o chocolate veio da Europa.
Engano. Ele era cultivado pelos índios astecas antes da colonização da América
em 1492 por Cristovão Colombo.
Os astecas acreditavam que o deus Quetzacóatl,
considerada a divindade dourada do ar, um dia voltaria. Segundo a lenda,
Quetzacóatl teria plantado cacaueiros como dádiva aos imperadores.
Da semente extraída da planta,
misturada ao mel e baunilha, os índios faziam uma bebida sagrada, o tchocolat (daí
o nome chocolate). Para os astecas, o ouro e a prata tinham menos valor que as
sementes de cacau, a moeda daquela época.
Dez sementes compravam um coelho e cem
uma escrava. Os espanhóis, após chegar à América em 1519, anos depois levou a
Europa mudas de cacaueiro. Antes plantaram nas Caraíbas, Haiti, Trinidad e
África.
Na Europa, o rei Carlos V tomou um
pouco da bebida sagrada azteca e ficou meio extasiado. Logo o tchocolat virou
moda na corte. Durante mais de um século, a Espanha manteve o monopólio do
cacau naquele continente.
Porém, o pulo do gato, que era a
receita contendo açúcar, vinho e amêndoas poucas pessoas tinham conhecimento.
Só mosteiros autorizados podiam produzir o tchocolat, que ganhou o nome
espanhol de chocolate.
Originalmente ele era uma pasta grossa
e amarga, mesmo misturado com açúcar. Para resolver a questão, o químico
holandês Conraad Johannes van Houten se interessou pelo novo método de moagem
das sementes.
Inventou uma prensa capaz de eliminar
boa parte da gordura do vegetal, obtendo chocolate em pó, solúvel em água ou
leite, mais suave ao paladar. Para aproveitar a gordura sólida que sobrava da prensagem, 20 anos mais tarde
a empresa inglesa Fry & Sons entrariam em ação.
Ela adicionou pasta de cacau e açúcar à
massa gordurosa, produzindo a primeira barra de chocolate do mundo, mas amarga.
Entrou em cena o suíço Henri Nestlé. De
suas experiências saiu a condensação do leite, processo até então desconhecido,
que acabou usado por outro suíço, Daniel Peter, que fabricava velas de sebo.
Mudou de ramo e misturou leite condensado para fazer a primeira barra de
chocolate de leite. Detalhe: Peter morava no mesmo quarteirão de Nestlé.